domingo, 25 de setembro de 2011

Resenha de um texto de Moarcir Gadotti falando sobre Paulo Freire




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Paulo Freire, durante toda sua vida, tentou compreender o homem, procurou estudá-lo, tentou compreender os homens como sujeitos inacabados, pois não acreditava na verdade absoluta, pelo contrário, acreditava no homem enquanto ser em constante formação, em transformação, que poderia ser mudado em cada etapa da vida.

Freire contribuiu na reflexão do homem e seu compromisso com a sociedade, diante de sua proposta transformadora, ele talvez tenha sido o único educador a propor e a pesquisar sobre um modelo educacional, genuinamente brasileiro.

A dimensão política da educação foi bastante enfatizada por Paulo Freire, sobretudo quando os relatos se referem à necessidade de repensar as práticas de formação do cidadão crítico e reflexivo, à superação da educação de jovens e adultos como simples treinamento ou a qualificação profissional para o mundo do trabalho e a necessidade de ampliação dos processos de formação.

Essas transformações refletem as diferentes concepções de homem e de sociedade de cada época e influenciam diretamente sobre o papel da escola e da sociedade na educação, essas são teorias que segundo Freire buscam compreender e orientar a prática educacional brasileira.

Sabemos que várias experiências estão sendo vivenciadas no Brasil na perspectiva da construção de uma educação mais humanizante que considera o ser humano como ser ontológico, biológico, psicológico, sociológico e sobretudo cultural.

Segundo este viés, a educação formulada pelo educador brasileiro Paulo Freire, a que ensina fazer leitura de mundo e transformar a realidade na consideração de sujeitos históricos precisa ser vivida no interior das escolas.

Para Freire é possível, acreditarmos, a partir de uma nova concepção de educação que problematize a realidade dialeticamente levando em conta os saberes do senso comum, mas ao mesmo sem negar os saberes elaborados e de forma científica. Este é um grande desafio proposto por Freire: “um dos temas fundamentais da etnociência, hoje, o de como evitar a dicotomia entre saberes, o popular e o erudito ou de como compreender e experimentar a dialética entre “cultura primeira” e “cultura elaborada” (FREIRE, 2001, p. 86).

É nesta perspectiva pela transformação social que Paulo Freire denomina de educação progressista e que por sua vez o ato de “ensinar implica, pois, que os educandos em certo sentido, “penetrando” o discurso do professor, se apropriem da significação profunda do conteúdo sendo ensinado. O ato de ensinar, vivido pelo professor ou professora, vai desdobrando-se, da parte dos educandos, no ato de estes conhecerem o ensinado” (FREIRE, 2001, p. 81).

A abordagem mecanicista criticada por Paulo Freire – educação bancária – que ainda se faz presente na estrutura do sistema educacional brasileiro e na organização das escolas só tem reproduzido as diferenças entre as classes dominantes e dominada, ainda que dialeticamente esta relação não se dá de forma hegemônica totalizante, pois a classe oprimida na sua luta gerada pelas contradições avança, se organiza e se constitui enquanto poder e conquista de espaços.

Isto é: para Freire, o ato de ensinar é ensinar a aprender, mas “não pode reduzir-se a um mero ensinar os alunos a aprender através de uma operação em que o objeto do conhecimento fosse o ato mesmo de aprender. Ensinar a aprender só é válido, desse ponto de vista, repita-se, quando os educandos aprendem a aprender a razão de ser do objeto ou do conteúdo” (FREIRE, 2001, p. 81).

Neste sentido, para Freire, compreender as hipóteses, a lógica do ponto de vista dos educandos antecede o ensinar a aprender e, por conseqüência a construção de sentidos para o conhecimento apreendido. Esse aprendizado em que educandos e educador aprende só ocorre através de uma relação dialógica interdisciplinar e, sobretudo, problematizante.

É mister a contribuição de Paulo Freire um pedagogo brasileiro de destaque, não só de âmbito nacional como também internacional. Não se limitando a teorizar, mas empenhando-se para que estas questões tivessem repercussão positiva na sociedade humana em geral e na brasileira especificamente, o que faz dele um homem profundamente comprometido com a sociedade, principalmente com as camadas populares.

É por isso que Paulo Freire constitui como referência para a Educação Brasileira. Nesse sentido, as idéias freireanas servem como orientação para o processo de formação docente no que se refere à reflexão crítica da prática pedagógica que implica em saber dialogar e escutar, que supõe o respeito pelo saber do educando e reconhece a identidade cultural do outro.


Sidinei de Oliveira Cardoso



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